“O momento da atividade de Relações Públicas”

João A. Ianhez Presidente do CONFERP CONRERP 2ª Região – 004

A atividade de Relações Públicas vive momento de definições: Para onde ir? Como agir? O que fazer? Os críticos das Relações Públicas são muitos, inclusive entre os profissionais da área. Poucos são os colaboradores de boa vontade e sinceros. O grande vilão é o Conselho, o Sistema CONFERP e a regulamentação da profissão.

A maioria dos profissionais é contra o sistema cartorial que eles representam. As Relações Públicas significam liberdade, democracia, rua de duas mãos, harmonia. Por princípio e com base na filosofia da sua atividade, o profissional de Relações Públicas deve ser contra o sistema cartorial. Ele deve ser defensor da democracia – liberdade de expressão, direito de empreender e realizar. Há 27 anos, preguei a “desregulamentação”. Entendia que a abertura que se desenhava faria o país arejar as suas idéias, adotando a doutrina liberal, em voga na maior parte do mundo. Aconteceu o inverso. Os sistemas cartoriais se multiplicaram. Hoje, o Estado cartorial volta a crescer. O governo se agiganta. Parece querer o controle do Estado sobre tudo e sobre todos. Um autêntico retrocesso. Neste momento, com as suas instituições enfraquecidas, a “desregulamentação” colocará a profissão de bandeja nos braços das atividades da área de comunicação social.

A maioria em busca da regulamentação. Elas não titubearão em colocar as Relações Públicas sob suas asas cartoriais. Por outro lado, o cartório cresceu tanto que, ao “desregulamentar” os profissionais da área estarão enquadrados em outra profissão regulamentada. Se isso acontecer, representará uma clara demonstração da falta de união e ausência de consciência de classe. Uma derrota para todos os profissionais, sem exceções. A regulamentação foi imposição do regime que objetivava controlar a todos e a tudo. Na época, todos vibraram: A profissão fora regulamentada! Esse ato foi entendido como reconhecimento da importância da atividade. Foi encarado como vitória. Só quem viveu a época sabe como é fácil ser enganado num país de mentalidade cartorial, ainda mais sob regime ditatorial. Você pensa que está agindo certo. Mais tarde, vai descobrir que foi enganado, que tomou a atitude errada. A maioria dos profissionais que está no mercado desde os anos 60, apoiou a regulamentação e o Sistema CONFERP, em algum momento. Não poderia ser diferente, num país cartorial. Esse ranço atingiu praticamente todas as instituições, principalmente na época da ditadura militar.

Os cartórios das profissões são instituições nacionais. Muitas profissões têm o seu cartório. Outras, estão buscando criar os seus. O fato é que o sistema cartorial pode trazer benefícios ou dificuldades, dependendo do grau de união da classe que representa. A regulamentação foi benéfica para muitas profissões. Conseguiram “transformar o limão numa limonada”. Implantaram o espírito de união. Fizeram dela uma forma de aperfeiçoar a qualidade dos profissionais. Estes se orgulham dos seus Conselhos, Federações e Ordens. Muitos profissionais de Relações Públicas criticam a regulamentação e se envergonham dela. Estão em contraposição aos administradores de empresas, aos economistas, aos contadores, aos advogados, aos enfermeiros, aos profissionais de educação física. Só para citar alguns. Sem esquecer os jornalistas, os que atuam nas assessorias, combatem o conselho de Relações Públicas e lutam pelo deles, há anos.

Os profissionais de Relações Públicas podem seguir os mesmos caminhos dos conselhos que tiveram sucesso? Podem fazer do seu Conselho um formador de profissionais mais qualificados? Atuarem para que tenham orgulho da profissão? Promoverem a adoção das Relações Públicas pelas organizações? Ampliarem o mercado de trabalho? Construírem união forte, para caminharem de forma positiva nessas questões? Enfrentarem outros desafios que se apresentarem? Todas as respostas são positivas. Entre os profissionais da área existem competências para essas tarefas. Os profissionais que criticam os colegas e as suas entidades criticam a si mesmos. Eles demonstram que não conseguem fazer valer suas idéias na profissão. Como vão colocar as idéias das empresas para as quais trabalham junto aos públicos das mesmas? Nesses casos, as críticas significam esburacar as estradas pelas quais caminharão. Significam redução de espaços para a profissão. Há muita desinformação entre os profissionais que criticam. Sendo assim, perdem a razão. Os profissionais de Relações Públicas e das áreas de comunicação não podem pecar pela desinformação. Esta é, senão a principal, uma das principais ferramentas de trabalho deles. Se não puder falar bem da profissão, não diga nada! Se tiver vontade, ajude a profissão a levantar a cabeça e a divisar novos horizontes, construídos pelo fortalecimento da união da classe. Por exemplo: Os alunos dos cursos de Relações Públicas são incentivados a não participarem dos Conselhos, mas incentivam a participação em outras entidades representativas. Os conselhos são criticados por alguns professores, profissionais da área, que se julgam modernos.

Professores de outras áreas criticam as entidades, sob o olhar complacente dos seus colegas de Relações Públicas. Os que assim agem, estão prestando um desserviço à profissão e se contrapondo ao mercado. Estão criando suas próprias desgraças. Estão perdendo os empregos, em razão dos encerramentos de cursos na sua área de atividade. Se os profissionais não respeitam suas entidades representativas, como podem ter orgulho da profissão? Podem esperar que o mercado abra espaços para ela? Os espaços serão cancelados, ou transferidos para outras profissões. Ouve-se, repetido a exaustão: “O que vale é a competência e não o registro profissional”. Mas, essa verdade só existe quando a democracia é uma realidade em todos os setores do país. Em todos os tipos de organizações os cartórios funcionam. Não é a competência que determina quem vai ocupar um cargo. É a indicação profissional e isso é também uma forma de cartório. Você, ou alguém próximo, já deve ter vivenciado essa situação.

Neste país cartorial a competência não é considerada. No lugar dela existem os cartórios funcionando às claras, ou por baixo do pano. Não existem oportunidades iguais, em condições iguais. A competência só é levada em consideração nos concursos. Quando são honestos. A profissão não sobreviverá se os profissionais não planejarem e criarem estratégias para fazê-la forte. Eles devem atuar em conjunto para construírem uma união resistente e eficaz, capaz de enfrentar os cartórios existentes e a atuação estatal, envolvente e ativa no ocupar espaços. Eles devem juntar suas energias para construírem a mudança, que faça a atividade de Relações Públicas crescer e não ficar a mercê dos que desejam se aproveitar da fraqueza e da falta de união da mesma. O CONFERP pretende manter dialogo permanente com os profissionais e o mercado. A partir disso, criará um projeto de independência da profissão.

Projeto que una todos os profissionais dentro de objetivos comuns. Se conseguir concretizá-lo, estará fortalecendo a profissão para deixar sua dependência cartorial. Nos próximos dias, o Conferp irá iniciar uma consulta aberta aos Profissionais de Relações Públicas para identificar de forma oficial o que pensam e esperam os profissionais do Sistema Conferp. Aguardem. É importante sair deste momento que a profissão atravessa, com a certeza de ter tomado o caminho certo. Para isso, é necessária a união de todos os profissionais na construção de uma nova história para as Relações Públicas. À vontade e o desejo de cada um deve se submeter ao desejo da maioria. Isto deve ser feito com responsabilidade, com consciência e sem prejuízo da imagem da profissão e dos seus profissionais.

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